TRÁFICO DE PESSOAS: A ESCRAVIDÃO DO SÉCULO XXI AINDA É UMA REALIDADE EM NOSSO MEIO
- Cáritas Foz do Iguaçu

- 2 de mai.
- 4 min de leitura
Atualizado: 9 de jun.
Tráfico de Pessoas: saiba como identificar e agir diante dessa grave violação de direitos
Foz do Iguaçu/PR – Apesar de parecer distante, o tráfico de pessoas é uma das formas mais graves de violação de direitos humanos no mundo atual – e está mais próximo de nós do que imaginamos. Trata-se de um crime silencioso, que afeta milhares de pessoas todos os anos no Brasil e no mundo, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade social, migrantes, refugiados, mulheres, crianças e adolescentes.

O que é o tráfico de pessoas?
Segundo o Protocolo de Palermo (2000), adotado pela ONU e ratificado pelo Brasil em 2004, tráfico de pessoas é o recrutamento, transporte, transferência, alojamento ou acolhimento de pessoas por meios ilícitos – como ameaça, uso da força, coação, rapto, fraude, abuso de poder ou de vulnerabilidade – com o objetivo de exploração. Essa exploração inclui:
Trabalho análogo à escravidão
Exploração sexual
Casamento servil ou forçado
Adoção ilegal
Extração e tráfico de órgãos
A legislação brasileira, por meio da Lei nº 13.344/2016, incorporou esses conceitos e ampliou a proteção às vítimas, incluindo também diretrizes para acolhimento e assistência humanizada.
Por que Foz do Iguaçu exige atenção redobrada
Foz do Iguaçu está inserida em uma região de tríplice fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina), marcada por intenso fluxo migratório, diversidade étnica e socioeconômica e presença de populações em situação de vulnerabilidade. Segundo a Cartilha Tráfico de Pessoas Foz do Iguaçu (2025), essa complexidade torna a região propensa à ação de redes de tráfico, inclusive com registros de adoção ilegal, exploração sexual, tráfico de órgãos e uso de mulheres como "mulas" do tráfico internacional.
A Pesquisa PESTRAF (2002) identificou 241 rotas de tráfico no Brasil, sendo 131 internacionais. Já o projeto ENAFRON (2015) apontou vulnerabilidades específicas em estados de fronteira, como o Paraná. Mesmo assim, a subnotificação é alta e muitos casos não são identificados como tráfico devido à falta de preparo da rede de acolhimento.
Como identificar uma situação suspeita?
O tráfico de pessoas frequentemente começa com falsas promessas: oportunidades de emprego, propostas de casamento, promessas de carreira ou estudos. Fique atento(a) a sinais como:
Promessas de trabalho "fáceis" com altos salários
Retenção de documentos pessoais
Controle rigoroso sobre os movimentos ou comunicações
Cobrança de dívidas abusivas
Ameaças diretas ou indiretas
Casos reais e novas modalidades
A cartilha de Foz do Iguaçu alerta para novas modalidades de tráfico, como:
Brasileiros aliciados via redes sociais para trabalhar com criptomoedas no Camboja, submetidos a cárcere e abusos físicos
Crianças aliciadas por falsas agências de modelos para exploração sexual
Mulheres migrantes usadas como mulas do tráfico de drogas, muitas sem saber a real natureza do "emprego"
Casamentos forçados iniciados por "romances" online
Exploração no esporte: meninos e meninas levados por falsos agentes para trabalho forçado em clubes
Casos documentados de tráfico de órgãos, como o Caso Pavesi (MG, 2000) e casos investigados no Amazonas (2022)
Como se proteger?
A prevenção começa pela informação:
Desconfie de propostas "boas demais"
Pesquise sobre quem está oferecendo a oportunidade
Mantenha comunicação constante com familiares e amigos
Guarde cópias dos seus documentos

Quem pode ser vítima?
Não existe um perfil único, mas algumas populações são mais vulneráveis:
Pessoas em situação de pobreza ou exclusão social
Crianças e adolescentes desacompanhados
Mulheres jovens, muitas vezes aliciadas para fins de exploração sexual
Migrantes e refugiados, que enfrentam barreiras de idioma, documentação ou redes de apoio
O que fazer em caso de suspeita?
Se você presenciar ou suspeitar de uma situação de tráfico de pessoas, não se cale. Denunciar pode salvar uma vida:
📞 Disque 100 – Canal de denúncias de violações de direitos humanos
📞 Disque 180 – Central de atendimento à mulher
📞 Polícia Federal – 194
📞 Polícia Rodoviária Federal – 191
📞 Defensoria Pública da União em Foz do Iguaçu – (45) 3576-0150
O papel da Cáritas e da rede de enfrentamento
A Cáritas Foz do Iguaçu, junto da Câmara Técnica de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, atua diretamente na prevenção, na formação de agentes sociais e no apoio às vítimas. A cartilha recém-lançada em 2025 é uma ferramenta educativa fundamental para a região e busca fortalecer a Rede Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.
Essa rede inclui os Núcleos Estaduais (NETPs), os Postos de Atendimento Humanizado (PAAHM) e os Comitês Regionais, garantindo um olhar intersetorial e multidisciplinar sobre o problema. Em Foz, o atendimento humanizado está presente em instituições como SUS, SUAS, CRAS e CREAS, exigindo capacitação permanente.

Para saber mais sobre Tráfico de Pessoas, baixe nossa cartilha e conheça mais.
O tráfico de pessoas é uma chaga invisível, que se alimenta da desigualdade, da desinformação e da vulnerabilidade. Combater esse crime exige educação, denúncia e mobilização social. A Cáritas reafirma seu compromisso com a vida, a dignidade humana e a construção de uma sociedade mais justa, onde nenhuma pessoa seja tratada como mercadoria.
Um compromisso da Cáritas com a vida e a dignidade
A Cáritas Foz do Iguaçu reafirma seu compromisso com a proteção da vida e da dignidade humana, especialmente das populações mais vulneráveis da Tríplice Fronteira. Acreditamos que o combate ao tráfico de pessoas começa pela informação, prevenção, denúncia e acolhimento das vítimas.
📍 Se você precisa de ajuda ou deseja orientar alguém sobre este tema, entre em contato com a Cáritas Foz:
Rua Patrulheiro Venanti Otremba 583Maracanã - Foz do Iguaçu/PR
Cep: 85.852-020
Fontes:
UNODC – Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime
Ministério da Justiça e Segurança Pública
Campanha Coração Azul (ONU Brasil)
CNBB / Cáritas Brasileira



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